Nadar é uma atividade aeróbica, ou seja, que utiliza oxigênio na geração de energia para o movimento dos músculos. Nesse processo, os vasos são relaxados, o que facilita a circulação sanguínea e fortalece o coração, deixando os batimentos mais estáveis.
Segundo José Kawazoe Lazzoli, especialista em medicina do esporte e diretor da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte), a prática regular da atividade (pelo menos duas vezes por semana durante trinta minutos) aumenta a produção de óxido nítrico, responsável pela vasodilatação. Dessa forma, uma quantidade maior de sangue passa pelas artérias e chega ao coração, o que também é bom para quem não sofre de pressão alta. “A pressão arterial do indivíduo que pratica a atividade fica estável. Se ele não é hipertenso, a probabilidade de vir a ser no futuro diminui ainda mais”, explica o especialista.
Até a temperatura da água influencia nos efeitos do exercício. Daniel Kopiler, médico- chefe do Serviço de Reabilitação do INC (Instituto Nacional de Cardiologia), explica que é recomendável que, ao realizar o exercício, a água esteja na faixa dos 24 graus Celsius. “Na água quente, o efeito vasodilatador é maior. Procure se exercitar em piscinas aquecidas, pois com os vasos relaxados há menos resistência para que o sangue chegue aos órgãos.”
Lazzoli explica que a partir de três meses de exercícios regulares há aumento da resistência aeróbica e o coração passa a trabalhar de maneira mais eficiente e econômica. “No início, quando a pessoa está mal condicionada e o professor pede que ela nade 200 metros em cinco minutos, sua frequência cardíaca pode chegar 170 bpm, o que é alto. Depois de dez semanas de treinamento, ela conseguirá fazer esse mesmo percurso mantendo a frequência mais baixa, o que é extremamente benéfico, pois o coração não precisará trabalhar tão intensamente para executar a mesma tarefa. Com o passar do tempo, o músculo cardíaco fica cada vez mais forte.”
Os músculos trabalhados mais intensamente na natação são os dos braços, pernas e tórax. Além disso, por ser praticada em meio líquido, o risco de lesão é menor se a compararmos com a caminhada ou corrida de rua, o que torna a atividade adequada para idosos ou pessoas com restrição de mobilidade.

Natação x Hidroginástica
Quando pensamos em hidroginástica, automaticamente vem à cabeça a relação com atividades direcionadas a pessoas mais velhas.
Entretanto, segundo Daniel Kopiler, existem modalidades de hidro tão boas quanto a natação, como as que utilizam bicicleta e caminhada dentro da piscina. “Sempre orientamos o indivíduo que escolheu fazer hidroginástica, seja um atleta jovem ou idoso, a complementar a atividade com musculação, para formar uma base muscular fundamental para a prática de todos os demais exercícios. E a recomendação vale também para quem faz natação.”

Natação para cardíacos
Na opinião dos dois especialistas, a natação pode ser recomendada inclusive para quem já tenha sofrido infarto ou passado angioplastia coronária (procedimento para colocação de stents), desde que após o processo de reabilitação – que dura em torno de três meses –  a pessoa não tenha tido nenhum episódio de isquemia nem dor no peito ou outras complicações. Para esses casos é fundamental passar por avaliação médica antes de iniciar a atividade e manter acompanhamento com check-up cardiológico a cada seis meses.
A natação pode ser perigosa porque pode “mascarar” um problema cardíaco. “Vamos supor que uma pessoa tenha tido um infarto e se recuperado, mas ainda apresente dores no peito. Ela precisa ficar atenta, pois existem relatos na literatura médica descrevendo indivíduos que sentem dor, mas o sintoma desaparece quando elas estão nadando. Às vezes, a dor no peito pode ser um sinal de que o coração não está bem. Assim, é melhor a pessoa realizar outra
atividade física, como caminhada ou bicicleta”, enfatiza Kopiler.